quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Fenômeno decasségui é tema de Convenção dos Nikkeis em Tóquio

Evento tem participação de representantes de 19 países e foi aberto pelo casal imperial
60ª Convenção dos Nikkeis e dos Japoneses no Exterior

Às vésperas de completar 30 anos, o movimento migratório que trouxe mão de obra de países sul-americanos ao Japão foi incluído como um dos principais temas de discussão da convenção de nipo-descendentes realizada desde 1957 em Tóquio.

A 60ª Convenção dos Nikkeis e dos Japoneses no Exterior tem participação de representantes de 19 países e foi aberta na terça-feira (1º) pelo casal imperial. Em sua saudação, o imperador Naruhito destacou a importância dos nikkeis no desenvolvimento e da globalização de cada país. “No Brasil, pude ver in loco os aspectos dos nikkeis que são brilhantes, fiquei impressionado com o reconhecimento deles. Os nikkeis são a ponte dos seus países com o Japão.”

O imperador também fez referência aos 30 anos da presença de mão de obra nipo-latina no Japão. “Devemos aproveitar como referência de cultura diversa para ampliar ainda mais o círculo de intercâmbio e fortalecer os lados entre os nikkeis”, afirmou.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), Renato Ishikawa, fez a saudação em nome de todos os participantes da Convenção deste ano.

A palestra de abertura ficou ao cargo do sociólogo Angelo Ishi, professor da Universidade Musashi e também articulista da revista Alternativa. Ele fez um panorama dos 30 anos dos nikkeis no Japão, da chegada dos primeiros decasséguis até a consolidação como migrantes no Japão. “Muitas vezes, os nikkeis residentes no Japão são considerados um problema e a contribuição deles na economia no Japão não é vista, inclusive até mesmo criando emprego e empregando japoneses.”

O professor também abordou a questão da educação dos nikkeis e o visto para a quarta geração. “Ele foi liberado, mas decepcionou dada a rigorosidade. O governo dá a ideia de que não quer receber os yonseis”, afirmou Ishi.

No mesmo dia, o casal imperial Naruhito e Masako recebeu a portas fechadas um grupo de representantes de 20 comunidades nikkeis espalhadas pelo mundo. Norberto Shinji Mogi, empresário e diretor-presidente do Sabja (Serviço de Assistência aos Brasileiros no Japão), representou os brasileiros residentes no Japão. “Foi muita emoção. Assim que eles entraram na sala, senti uma aura em torno deles”, comentou Mogi.

O imperador Naruhito quis saber do brasileiro detalhes da operação de socorro aos sobreviventes do tsunami de 2011. Nessa ocasião, Mogi disponibilizou dois caminhões e um trator de sua empresa para ajudar na remoção dos entulhos formados pelas casas destruídas por aquele desastre natural.

A 60ª Convenção dos Nikkeis e dos Japoneses no Exterior termina nesta quinta-feira (3) com a divulgação da declaração conjunta. Na edição anterior, os participantes decidiram pela criação do Dia Internacional do Nikkei para ser comemorado em 20 de junho, e pediram a “compreensão e assistência calorosa por parte da sociedade e do governo do Japão à comunidade nikkei no país”.

A Convenção foi realizada pela primeira vez em 1957 em gratidão à solidariedade dos nikkeis que enviaram suprimentos de ajuda ao Japão pós-guerra. A segunda edição do evento aconteceu em 1960 e a partir da terceira convenção, em 1962, passou a ser realizada anualmente.
Fonte: Alternativa
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